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Tamar consolida pesquisas sobre tartarugas marinhas

24/09/2013 - Na temporada de desova o trabalho nas praias aumenta e as pesquisas continuam a subsidiar as ações de conservação. ↓

Tamar consolida pesquisas sobre tartarugas marinhas

Coleta de material para análise

Para encontrar as soluções mais eficazes aos problemas enfrentados pelas tartarugas marinhas, o Projeto Tamar realiza estudos em todas as suas bases de pesquisa, continuamente. Os temas variam de acordo com as necessidades de apoio às ações de conservação, as cooperações entre pesquisadores de outras instituições, a progressão e aprimoramento das coletas de dados com mais de 20 anos de informações sistematizadas. Na temporada 2013-14, iniciada em setembro, estão sendo estudados temas como comportamento migratório de filhotes de tartaruga cabeçuda, áreas mais visitadas por fêmeas de cabeçudas na Bahia e no Espírito Santo, efeitos das alterações climáticas sobre as tartarugas na costa brasileira, efeitos da iluminação artificial sobre filhotes no Espírito Santo, idade das tartarugas oliva mortas em Sergipe, entre outras.

Transmissores por satélite - A pesquisa de telemetria com tartaruguinhas, realizada na temporada anterior, em parceria com a Universidade Atlântica da Flórida e NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration, terá mais uma rodada de solturas, considerando a mesma metodologia, para comparar dados e saber se o comportamento dos filhotes em relação às correntes marítimas é ativo ou passivo. Saiba como foram as três fases iniciais da pesquisa.

Outro estudo em parceria com a NOAA vai instalar transmissores em fêmeas adultas para monitorar seu deslocamento. Ele complementa uma pesquisa que vem sendo realizada há cinco anos para saber o número de vezes que uma tartaruga cabeçuda (Caretta caretta) desova em uma temporada reprodutiva e com que frequência essa espécie volta à praia de nascimento para fazer seus ninhos, além de outros indicadores demográficos.

A pesquisa com as fêmeas vai testar a hipótese de que existem dois grupos diferentes na Bahia, o que chega no início da temporada, faz seus ninhos e depois vai em busca de alimento no sul do país, e um outro grupo, que chega no final da temporada, faz ninhos e vai se alimentar no norte do Brasil. A coordenadora de pesquisa e conservação do Tamar, Neca Marcovaldi, explica que essa definição de rota pode estar associada às prevalências da direção das correntes oceânicas no momento da eclosão dos filhotes. Serão investigados também marcadores com isótopos para tentar identificar as diferentes áreas de alimentação das cinco espécies.

Hibridismo entre três espécies - Para estudar alguns indivíduos suspeitos de hibridismo em tartarugas marinhas e ampliar o conhecimento sobre seu comportamento migratório, o Tamar fixou em Sergipe transmissores em quatro animais, no início de 2012. O objetivo da pesquisa 'Hibridismo em tartarugas marinhas na costa brasileira: uma análise genética, ecológica e comportamental' é entender o hibridismo entre as espécies cabeçuda+de pente e cabeçuda+oliva. O estudo ampliará o conhecimento sobre a relação entre as espécies, além de esclarecer algumas curiosidades sobre o deslocamento dos animais após a reprodução e o comportamento em áreas de alimentação. Para esse trabalho, o Tamar conta com a colaboração do Archie Carr Center (Dra. Karen Bjorndal, Dr.Alan Bolten e MS Luciano Soares) e do College of Staten Island (Dra. Eugenia Naro-Maciel).

Mudanças climáticas - Para avaliar os impactos das mudanças climáticas sobre as populações de tartarugas cabeçudas (Caretta caretta) e tartarugas de pente (Eretmochelys imbricata) na costa brasileira, um estudo em parceria com a pesquisadora Mariana Fuentes da James Cook University, na Austrália, vai realizar visitas anuais às bases do Tamar localizadas na Bahia, em Sergipe, no Espírito Santo e Rio de Janeiro, e instalar dispositivos eletrônicos para medição de temperatura e umidade (dataloggers) que permitirão acompanhar as variações térmicas das praias. O principal objetivo do estudo é compreender potenciais impactos das mudanças no clima sobre as populações de tartarugas marinhas e seus habitats no Brasil. A partir destes dados, pretende-se criar estratégias de conservação que possam ser aplicadas e replicadas como resposta a estes eventos climáticos.

Análise de esqueletos - Em Sergipe, uma pesquisa em parceria com o curso de oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande/RS vem analisando os ossos das tartarugas oliva (Lepidochelys olivacea) para determinar a idade dos animais que encalham mortos. A confirmação da idade destes animais adultos e ativos em termos reprodutivos trará novos subsídios para as ações prioritárias de conservação da população de tartarugas dessa espécie, que precisam de proteção nas praias alagoanas, sergipanas e baianas.

Fotopoluição - No Espírito Santo, os pesquisadores querem encontrar soluções para combater a fotopoluição em áreas de desova de tartarugas marinhas. A temporada anterior 2012-13 foi piloto para avaliar a metodologia aplicada em Povoação e Regência, com base no trabalho realizado pelo Tamar no Rio de Janeiro e na Bahia. Os resultados parciais confirmaram a desorientação tanto de filhotes quanto de fêmeas em áreas com incidência de luz artificial. Ações já foram tomadas, como o contato com a prefeitura de Linhares para ajustes em refletores e luminárias em alguns pontos onde houve desorientação. Com a metodologia definida, o objetivo é aprimorar a coleta de dados nesta temporada e sensibilizar a população.

Padrões reprodutivos - Também no Espírito Santo, como acontece na Bahia e em Pernambuco, os pesquisadores estão buscando determinar padrões reprodutivos das tartarugas através do esforço intensivo de marcação e recaptura de fêmeas na área de concentração de ninhos ao redor da foz do rio Doce. Um grupo de estudo foi formado para definir ações a realizar nesta e nas próximas temporadas.

Saiba mais:

O show da vida continua

Desova - Tartarugas a Salvo - ATM

Tartarugas marinhas: temporada de reprodução ameaçada
Blog National Geographic Brasil

 

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