15/06/2015 - Trabalho de pesquisa na ilha começou a mais de três décadas. Leia mais. ↓
A Ilha de Trindade surgiu há aproximadamente três milhões de anos através de atividades vulcânicas. Localiza-se no extremo oriental da cadeia de montanhas submarinas denominada Vitória-Trindade, distante 1.160 quilômetros do continente, e pertence ao estado do Espírito Santo. Em 1910 passou a ser de domínio brasileiro e desde 1957 é guarnecida pela Marinha do Brasil, com cerca de 40 homens, que permanecem na ilha por períodos de quatro meses.
O trabalho de pesquisa e conservação do Projeto Tamar na Ilha da Trindade começou em 1982, quando foi realizada a primeira expedição para coletar informações sobre as tartarugas na Ilha. Desde então, diversas equipes do Tamar estiveram em Trindade (1982/83, 1985/86, 1989/90, 1991/92, 1993/94, 1994/95, 1995/96, 1997/98, 1998/99, 1999/2000, 2000/01, 2001/02, 2002/03 e desde 2006 com equipe permanente), para realizar a marcação de fêmeas e o levantamento de dados sobre a biologia reprodutiva da tartaruga-verde (Chelonia mydas), a única espécie de tartaruga marinha que desova no local.
Com exceção de um número pequeno de ninhos depositados anualmente em algumas praias do estado de Bahia, as áreas de reprodução prioritárias da tartaruga-verde no Brasil limitam-se às ilhas oceânicas de Trindade, Atol das Rocas e Fernando de Noronha.
O número médio estimado de ninhos depositados em Trindade anualmente é 3.600 por temporada reprodutiva. É a sétima maior colônia de tartaruga-verde do Atlântico, e segunda maior colônia da espécie no Atlântico Sul, com população considerada estável. Na ilha, a temporada de desova 2012/2013 foi recorde, com uma média de 4.772 ninhos de tartaruga-verde depositados, e uma estimativa de nascimento de 483.402 filhotes.
Para a temporada reprodutiva 2014/2015, o monitoramento iniciou em dezembro/2014 e as desovas vão até julho, ocorrendo nascimentos de filhotes até o final de agosto, como explica a coordenadora do Tamar no Espírito Santo, Cecília Baptistotte.
Paraíso no Atlântico - A população desses animais na Ilha da Trindade é saudável e não apresenta registro de uma doença preocupante no continente brasileiro, a fibropapilomatose, que atinge principalmente essa espécie em regiões costeiras mais poluídas. As tartarugas marinhas têm um ciclo vital complexo e prolongado, explica Cecília, envolvendo migrações transoceânicas, alternância de habitats entre reprodução e alimentação. Por isso a Ilha da Trindade é um local de extrema importância, pois é um ambiente sem interferências do homem.
"Estamos colhendo os primeiros resultados que espécies de vida longa como essas nos permitem. Rotas sendo estabelecidas, flutuações anuais compreendidas, dados demográficos, origem genética, dados de predação natural, entre muitos outros. Por essas e outras razões existe a necessidade do monitoramento contínuo, de longo prazo, longevo como esses seres contemporâneos dos dinossauros. Contamos com o fundamental apoio da Marinha do Brasil para todo o trabalho. Capacitamos dezenas de jovens ao longo destes anos, cujas vidas foram transformadas pela experiência em Trindade, hoje nas mais diversas instituições ambientais, relatando com orgulho e emoção tal oportunidade", conta a coordenadora do Tamar.
O Projeto Tamar é uma cooperação entre o Centro Tamar/ICMBio e a Fundação Pró-Tamar. Trabalha na pesquisa, proteção e manejo das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Protege cerca de 1.100 quilômetros de praias e está presente em 25 localidades, em áreas de alimentação, desova, crescimento e descanso das tartarugas marinhas, no litoral e ilhas oceânicas dos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. Seu trabalho socioambiental, desenvolvido com as comunidades costeiras, serve de modelo para outros países. Tem o patrocínio oficial da PETROBRAS, através do programa PETROBRAS Socioambiental, e nos nove estados brasileiros onde atua, recebe diversos apoios locais.
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