16/08/2019 - O Projeto Tamar tem provocado reflexões tanto nas comunidades em que atua, quanto nos visitantes que recebe. ↓
Com distintas estratégias de abordagem, o Projeto Tamar tem provocado reflexões tanto nas comunidades em que atua, quanto nos visitantes que recebe. Hoje, as ações de proteção da tartarugas marinhas tornaram-se exemplos de como as pessoas podem manter uma relação de harmonia com o meio ambiente. Assim, as medidas de conservação das espécies desses animais propostas pelo Projeto Tamar-Fundação mostram como é possível conciliar conservação e desenvolvimento comunitário.
Os pesquisadores constataram que para proteger as tartarugas marinhas, era preciso envolvimento e compreensão de que as pessoas podem conviver de forma harmoniosa com a natureza. A partir da necessidade de amenizar a coleta de ovos, consumo da carne e comercialização de cascos das tartarugas, no período inicial de implantação do Projeto Tamar foi necessário criar alternativas de trabalho e renda para a comunidade. O contato diário com os moradores das regiões próximas às áreas de desova, seus valores, cultura e tradições, possibilitou uma parceria entre essas comunidade e os pesquisadores.
A criação de unidades de conservação, na categoria reservas biológicas, em Regência (ES) e em Pirambu (SE), por exemplo, evidenciou a necessidade de se ampliar as possibilidades de trabalho para os moradores, pois nas duas comunidades eles tiveram muitas restrições de exploração de recursos naturais.
Foi então que nesses dois locais foram iniciados pequenos grupos que trabalhavam na confecção de camisetas a partir da demanda gerada em outras regiões nas quais o Projeto Tamar já atuava, como em Praia do Forte (BA). No local, muitos turistas já queriam “vestir a camisa” do Projeto. Assim se detectou a oportunidade de se investir na confecção desse material. A experiência pioneira de produção de camisetas aconteceu em Regência, a partir de 1990. Bem-sucedida, inspirou a criação, em 1996, da unidade de Pirambu.
Desta forma, as comunidades perto das bases, em áreas com potencial limitado de desenvolvimento econômico, se tornaram fornecedoras de produtos para as lojas do Projeto Tamar instaladas nos centros de visitantes, onde o turismo já estava estabelecido. Além dos centros de visitantes de Fernando de Noronha (PE), Praia do Forte (BA), Oceanário (SE), Vitória (ES), Ubatuba (SP) e Florianópolis (SC), há lojas do Tamar no aeroporto de Salvador (BA) e na também na orla de Ubatuba.
O Projeto Tamar – Fundação começou, portanto, um processo envolvendo uma linha de produção, da matéria prima ao produto final, para que todos os participantes se beneficiassem do valor agregado ao objeto. As confecções foram criadas capacitando mulheres e filhas de pescadores, o que possibilitou também uma melhoria na renda dessas famílias. Os esforços foram concentrados ainda na criação de projetos gráficos integrados à causa que tivessem boa aceitação pelos consumidores. Além disso, grupos foram capacitados para o trabalho de comercialização desses produtos. As confecções atualmente empregam cerca de 70 pessoas.
As ações do Projeto Tamar também fizeram as comunidades perceberem que a tartaruga marinha é muito mais valiosa viva do que morta e essa percepção tem engajado cada vez mais pessoas no combate ao massacre desses animais. Assim, as comunidades passaram a contribuir com a sustentação do Projeto. Essa estratégia é fundamental para a sustentabilidade social das comunidades nas quais o Projeto Tamar está presente, já que permite o engajamento do moradores nas atividades de produção, valoriza aspectos culturais e gera aliados nas ações de proteção às tartarugas marinhas e ecossistemas associados.
Seguem alguns depoimentos de colaboradores que trabalham nas confecções:
“A confecção significa na minha vida toda a parte de crescimento e de profissionalismo. Hoje a fábrica de Regência é motivo de orgulho tanto para comunidade como para mim”.
(Hélio trabalha na confecção do Tamar em Regência (ES) há 22 anos.)
“Depois que comecei a trabalhar no Tamar minha vida mudou bastante. Fiquei independente, sou independente!”.
(Maria Zilda, costureira, trabalha na confecção do Tamar em Regência (ES) há 29 anos.)
“A importância desse trabalho para minha vida é que antes eu pensava em sair de Regência, conhecer outros lugares maiores… Mas vi que era neste cantinho que gostaria de ficar. A gente tem qualidade de vida, tem mais tranquilidade para trabalhar e para viver. Então aqui é onde eu devo realmente estar”.
(Maine há três anos no Tamar. Atualmente trabalha como auxiliar administrativo da confecção de Regência, no Espírito Santo.)
“Eu tenho a honra em trabalhar no projeto Tamar. Tenho seis filhos e criei todos trabalhando no Projeto. O Tamar é como se fosse um filho. Quem quiser comprar briga com o Tamar, compra comigo, porque eu defendo o Projeto a qualquer hora. Gosto muito do Tamar”.
(Margareth Adelaide trabalha na confecção de Regência, no Espírito Santo.)
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