04/02/2020 - Microchips de apenas 11,5 mm são aplicados sob a pele do animal. Cada um possui uma numeração única, permitindo a identificação individual de cada tartaruga por mais tempo e gerando melhores estimativas sobre a população. ↓
As tartarugas marinhas apresentam um complexo ciclo de vida marcado por extensas migrações entre as áreas de alimentação e de desova. Muitas delas chegam a atravessar os oceanos em busca de alimento. Conhecer as rotas migratórias desses animais é fundamental para a conservação das espécies, pois ajuda a identificar as principais ameaças que elas enfrentam ao longo de sua jornada.
Um dos métodos de pesquisa utilizados pelo Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar para conhecer o deslocamento das tartarugas marinhas chama-se “marcação-e-recaptura”. Este tipo de estudo tem como objetivo a coleta de dados para estimativas de abundância populacional, taxa de crescimento, tempo de residência em áreas de desova e alimentação, além de fornecer informações sobre o comportamento migratório das espécies. No Brasil, esse método foi primeiro utilizado nas áreas de desova em 1982, e desde 1989 esforços também foram direcionados para a identificação dos animais - principalmente juvenis - em áreas de alimentação. A metodologia envolve a captura e a marcação dos animais utilizando anilhas metálicas alfanuméricas, aplicadas uma em cada nadadeira anterior da tartaruga. A posterior recaptura deste animais marcados viabiliza o levantamento de informações ecológicas e biológicas.
Com o objetivo de aprimorar este tipo de estudo, uma nova tecnologia para a marcação de fêmeas de tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) está sendo testada pelos pesquisadores do Projeto Tamar/Fundação Pró-Tamar nesta temporada de desova nas praias do Espírito Santo. Os PIT tags (Passive Integrated Transponders) são pequenos microchips (11,5 mm) aplicados sob a pele do animal. Cada um possui uma numeração única, permitindo a identificação individual de cada tartaruga. Eles são implantados nas nadadeiras dianteiras das fêmeas após o processo de desova e são reconhecidos por um leitor específico para este tipo de marcação.
Este método permite que a tartaruga retenha a marca por mais tempo (em comparação às anilhas metálicas), gerando melhores estimativas sobre o tamanho populacional e informações importantes acerca de parâmetros reprodutivos como intervalo de remigração (tempo em anos entre as temporadas reprodutivas), número de ninhos por fêmea, crescimento e sobrevivência. Os pesquisadores esperam, dessa forma, caracterizar e entender melhor esta população para continuar traçando estratégias de conservação eficazes.
A tartaruga-de-couro é classificada como “Criticamente Ameaçada de Extinção” no Brasil e tem sua única área regular conhecida de desova no litoral norte do Espírito Santo. Este projeto está sendo realizado pela Fundação Pró-Tamar em parceria com a University of Exeter, no Reino Unido, e o U.S. Fish and Wildlife Service, através do programa Marine Turtle Conservation Fund.
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